quarta-feira, 31 de julho de 2013

UM POUCO SOBRE MUTUÍPE

MUTUÍPE 

HISTÓRIA DA CIDADE
Povos de Origem: Povos da floresta ou “índios”
Primeira estação de Mutuìpe 




Até meados do século XIX, toda a zona ribeirinha do rio Jiquiriçá, abrangendo o território do atual Município de Mutuípe, era habitada pelos povos da floresta (“índios”), que aos pouco foram abandonando a região, à medida que eram submetidos a escravidão e assassinatos pelos brancos. Em 1849, Manoel João da Rocha, juntamente com outros “pioneiros”, chegou ao local onde hoje está situada a sede do Município, iniciando derrubadas e entregando-se ao cultivo da terra. Entre as propriedades, encontrava-se a Fazenda Mutum, assim denominada pela abundância da ave do mesmo nome (craxalector). Segundo Teodoro Sampaio, o topônimo Mutuípe vem de "mutum"- ave do local, e "ipe"- que em tupi-guarani quer dizer "forte". Mutuípe – árvore forte.
Conta-se que a capital do Vale do Jiquiriçá, teve sua origem em 1860, quando João Manoel da Rocha, morador do local, propôs uma barganha e o “índio” aceitou. Situada no antigo Município de Jiquiriçá, a Fazenda Mutum ficava à margem de uma estrada que ligava os sertões do sudoeste baiano a Minas Gerais. Os tropeiros que por ali transitavam faziam daquela propriedade ponto de repouso e reabastecimento. Devido a isso, bem como à fertilidade do solo e ao espírito progressista do proprietário Bernardino Lopes, começou a formar-se em Mutum, por volta de 1900, um pequeno núcleo de agricultores e negociantes.


História de Mutuípe

DESENVOLVIMENTO



Fator decisivo para o seu desenvolvimento
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Com a chegada da linha férrea, através dos trilhos da Train Road de Nazaré, no seu avanço para o sudoeste baiano até Jequié em 29 de janeiro de 1905, ligando o Município ao porto fluvial de Nazaré, teve início uma nova fase de progresso. Em 19 de novembro de 1907, foi instalada a primeira escola, que ficou sob a direção da Professora Maria Júlia da Silva.
A fertilidade do solo trouxe o desenvolvimento de culturas de fumo, café e mandioca nas proximidade do rio Jiquiriçá, assim como também a cultura da cana-de-açúcar e criação de gado para atender a demanda do Recôncavo açucareiro, aliados ao espírito acolhedor dos primeiros povoadores concorreram para o desenvolvimento inicial do arraial.
 
No dia 30 de Setembro de 1910 o Governador João Ferreira de Araújo Pinho, através da Lei Número 778 decretou a transferência da sede do Distrito de Paz do Riacho da Cruz para o povoado Mutum. Com a criação do município de Jiquiriçá, o Distrito de Mutum ficoupertencendoaesteMunicípio.

O desenvolvimento da Vila Mutum foi prejudicado por duas calamidades: a enchente do Rio Jiquiriçá em 1914 e o surto epidêmico da varíola em 1919. Após superar esses obstáculos, a Vila Mutum começou a crescer, através do desenvolvimento da lavoura e do comércio sendo elevada da categoria de Vila do povoado Mutum para a denominação Mutuípe pelo Governador Marques de Gois Calmon, na conformidade da Lei Número 1882, de 26 de julho de 1926. O Movimento autonomista foi liderado pelo Dr. Bartolomeu Antero Chaves. E sua posse jurídica ocorreu em 12 de outubro de 1926.
Nos anos 30, a queda do café no mercado externo, provocou uma forte retração na economia do vale com a transferência de capitais e a concentração de terras para a criação de gado. A proibição da exportação de café de terreiro e do fechamento da ferrovia na década de 60 houve um retrocesso econômico.
Mais tarde chega a CEPLAC buscando retornar o nível de desenvolvimento anterior agora com a expressão da lavoura cacaueira na década de 70 em diante.
Considerando o período áureo do cacau, houve até um acerta prosperidade no município, mas com os vários planos de estabilidade da moeda e a queda dos preços nos últimos 20 anos, hoje encontramo-nos em situação latente de falência. Em Virtude disto, houve uma emigração acelerada e sem ordenamento da zona rural para a zona urbana, alem daqueles que saíram do município deslocando-se para os grandes centros urbanos (São Paulo e Salvador) causando o empobrecimento acelerado da população existente, atingindo mais de 80%.
Esse deslocamento desordenado da zona rural para a zona urbana, desarticulou as famílias forçando estas mais carentes com seus filhos a ficarem excluídos do engajamento social. 
Em 1926, Mutuípe se emancipou de Jiquiriçá e passou a construir um tapete de valores para que as pessoas trilhassem em busca do progresso.
MUTUÍPE NA INTERNET
 
Gentílico:
Mutuipense
População:
21.466 habitantes
Localização:
Centro Sul-Baiano 
Distâncias Da Capital: 
235 Km por Rodovia de Salvador e 165 Km do Ferry Boat. 


ENTREVISTA




 MUTUÍPE PELO OLHAR DO MEU AVÔ ANTENOR

Antenor Modesto (meu Avô) – entrevista na íntegra
Tenho 95 anos no Registro de Identidade (porém pela idade que ele diz ter casado parece não ser correta, pois eles naquela época tiravam registros já quase adultos).
Para chegar em Mutuípe passava por Forjo (em pesquisa estrada que leva a Mutuípe) passava por Capé de Santana, Serra Grande (Distrito) e Garapa (Fazenda).
Morei lá em Mutuípe e com dez anos sai para outra cidade par trabalhar, pois tínhamos dez irmãos e meu pai não conseguia sustentar a todos. Trabalhava ajudando na roça, fui morar na fazenda Julião que fica depois de Coste de Pedras que tem como distrito Tancredo Neves que antigamente era conhecida como Itabaina.
Nunca fomos a escola, meu pai ensinava a todos que morava por perto, ele era professor (brincou) e não aprendi a fazer um “o “com o copo (risos).
Fiquei um tempo morando lá depois voltei para Mutuípe, meu pai colocava todos os filhos para trabalhar, ele criava pato, galinha, porco e tinha cavalo, burro e outros animais.
Meu pai saia para a RUA (local onde todos os sábados os moradores se deslocavam para fazer suas compras). Meu pai comprava banha, sal e outras coisas para sair vendendo. Andávamos a cavalo para chegar na Rua. Morávamos em casa de sapê e Taipa (palha e barro), mas éramos felizes, minha família era católica, lembro-me quando chegava a semana santa, minha mãe colocava os alimentos e todos sentávamos no chão juntos para comer, pois eram muitos filhos e não havia mesa para  todos.
 Recordo-me que se plantava mais mandioca. Quando meu pai morreu fui embora fiquei anos sem ver meus irmãos e depois de 20 anos voltei a encontrar um deles e foi muita emoção (muitas lágrimas). Voltei para o Julião constitui família e filhos como a vida tava difícil, voltei para Mutuípe, lá morávamos em Riachão do Viachi (procurei algo sobre esse bairro e não encontrei nada) quando voltei não tínhamos mais terra e comecei a trabalhar na fazenda do meu tio torrando farinha de ganho. Torrava a farinha todos os dias para receber o pagamento no final de semana. Recordo-me que tinha muito verde em Mutuípe cacau e ouras plantações .
Não tenho saudade alguma de lá, gostaria apenas de saber se alguns dos meus irmãos ainda estão vivos.
Atualmente moro em Feira de Santana cidade que amo muito, e desejo ficar até os últimos dias da minha vida.